Título: Poesias Completas
Autor: Álvares de Azevedo
Editora: Ediouro
Páginas: 176
Lançamento: 1995
"Trazendo para nossas letras o amargor irônico de Byron, a melancolia de Musset, a inquietação de Shelley e Spronceda, e o pessimismo imaginativo de Leopardi, as venenosas desilusões da vida, as mais crepitantes chamas da paixão, todo o desvario de um espírito genial, Álvares de Azevedo, sofrendo o mal do século, tornou-se, no ardor de seus vinte anos, o maior vulto da segunda geração romântica."
O livro faz parte da Coleção Prestígio contendo a Lira dos Vinte Anos, Poesias Diversas, O Poema do Frade, O Conde Lopo.
Um dos principais nomes da poesia brasileira, Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo em 12 de setembro de 1831 e faleceu em 1852, com apenas 21 anos, doente e tuberculoso. Influenciado por Byron e Musset, foi poeta, escritor e contista, fundou a revista da Sociedade Ensaio Filosófico Paulistano; traduziu a obra Parisina, de Byron e o quinto ato de Otelo, de Shakespeare, entre outros trabalhos, além de ter sido sempre um brilhante aluno. Sua literatura era conhecida pelo uso de temas como morte, melancolia e dor, sendo ele o poeta dos versos sombrios e cinzentos, embora muitas vezes irônico e com senso de humor.
Deixou belas obras em sua breve vida, que foram publicadas somente após sua morte, é patrono da Cadeira nº2 da Academia Brasileira de Letras.
Livros:
- Lira dos Vinte Anos (1853)
- Macário (1850)
- Noite na Taverna (1855)
Meu Sonho
Eu
Cavaleiro das armas escuras,
Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada sanguenta na mão?
Por que brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?
Cavaleiro, quem és? o remorso?
Do corcel te debruças no dorso.
E galopas do vale através.
Oh! da estrada acordando as poeiras
Não escutas gritar as caveiras
E morder-te o fantasma nos pés?
Onde vais pelas trevas impuras,
Cavaleiro das armas escuras,
Macilento qual morto na tumba?.
Tu escutas. Na longa montanha
Um tropel teu galope acompanha?
E um clamor de vingança retumba?
Cavaleiro, quem és? – que mistério,
Quem te força da morte no império
Pela noite assombrada a vagar?
O Fantasma
Sou o sonho da tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!...
Se Eu Morresse Amanhã!
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! Que céu azul! Que doce n’alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
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