terça-feira, 7 de março de 2017

Livro Poesias Completas - Álvares de Azevedo

Título: Poesias Completas 
Autor: Álvares de Azevedo
Editora: Ediouro
Páginas: 176
Lançamento: 1995


   "Trazendo para nossas letras o amargor irônico de Byron, a melancolia de Musset, a inquietação de Shelley e Spronceda, e o pessimismo imaginativo de Leopardi, as venenosas desilusões da vida, as mais crepitantes chamas da paixão, todo o desvario de um espírito genial, Álvares de Azevedo, sofrendo o mal do século, tornou-se, no ardor de seus vinte anos, o maior vulto da segunda geração romântica."









   O livro faz parte da Coleção Prestígio contendo a Lira dos Vinte Anos, Poesias Diversas, O Poema do Frade, O Conde Lopo.

   Um dos principais nomes da poesia brasileira, Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo em 12 de setembro de 1831 e faleceu em 1852, com apenas 21 anos, doente e tuberculoso. Influenciado por Byron e Musset, foi poeta, escritor e contista, fundou a revista da Sociedade Ensaio Filosófico Paulistano; traduziu a obra Parisina, de Byron e o quinto ato de Otelo, de Shakespeare, entre outros trabalhos, além de ter sido sempre um brilhante aluno. Sua literatura era conhecida pelo uso de temas como morte, melancolia e dor, sendo ele o poeta dos versos sombrios e cinzentos, embora muitas vezes irônico e com senso de humor.

   Deixou belas obras em sua breve vida, que foram publicadas somente após sua morte, é patrono da Cadeira nº2 da Academia Brasileira de Letras.


     Livros: 
  • Lira dos Vinte Anos (1853) 
  • Macário (1850) 
  • Noite na Taverna (1855) 





Meu Sonho

Eu
Cavaleiro das armas escuras, 
Onde vais pelas trevas impuras 
Com a espada sanguenta na mão? 
Por que brilham teus olhos ardentes 
E gemidos nos lábios frementes 
Vertem fogo do teu coração?

Cavaleiro, quem és? o remorso? 
Do corcel te debruças no dorso. 
E galopas do vale através. 
Oh! da estrada acordando as poeiras 
Não escutas gritar as caveiras 
E morder-te o fantasma nos pés? 

Onde vais pelas trevas impuras, 
Cavaleiro das armas escuras, 
Macilento qual morto na tumba?. 
Tu escutas. Na longa montanha 
Um tropel teu galope acompanha? 
E um clamor de vingança retumba? 

Cavaleiro, quem és? – que mistério, 
Quem te força da morte no império 
Pela noite assombrada a vagar? 

O Fantasma 
Sou o sonho da tua esperança, 
Tua febre que nunca descansa, 
O delírio que te há de matar!...



Se Eu Morresse Amanhã!

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! Que céu azul! Que doce n’alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!



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